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Data: 11/01/2004
Título: Deu branco?
É comum estudantes, atores, professores, profissionais de uma forma geral queixarem-se de uma falha de memória em algumas situações cruciais de suas vidas. O famoso "branco", que pode ocorrer numa palestra, prova oral, no meio de uma apresentação teatral, na gravação de um comercial, num exame vestibular, atrapalhando ou até inviabilizando momentos de vida da pessoa. Um estudante que, mesmo bem preparado, tenha um branco num vestibular pode deixar de entrar na faculdade e carregar consigo toda uma expectativa muito ruim para situações futuras, muitas vezes provocando o que mais temia: OUTRO BRANCO!
O bloqueio da fala e do pensamento, como é conhecida esta reação, é uma resposta de ansiedade. Na evolução da espécie, respostas de luta ou fuga tinham a função de proteger o homem primitivo de seus predadores e eram consideradas positivas. O bloqueio de fala e pensamento poupava o nosso ancestral do ataque direto ao predador ou da fuga imprudente e mal calculada. Simplesmente "congelava" e, imóvel, aguardava o perigo passar, quando lutar ou fugir eram impossíveis.
Na vida atual não há mais essa necessidade. O branco surge como "proteção" para o indivíduo em relação a uma ameaça subjetivamente percebida e provavelmente mal avaliada. Acaba disparando o mecanismo de ansiedade, inclusive com ativação fisiológica, gerando medo e prejudicando o desempenho futuro da pessoa.
Pessoas que tenham este tipo de problema são vulneráveis também a outros problemas de ansiedade e insegurança. O branco ocasional deve ser encarado com tranqüilidade desde que a pessoa consiga refazer-se da situação e, principalmente, que não venha a gerar medo da repetição em ocasiões futuras. É importante que um aluno, ator, orador ou palestrante relaxe-se dentro da situação de ansiedade.
Cuidados psicológicos são recomendados toda vez que um fator qualquer trouxer prejuízo pessoal, profissional, afetivo, social, acadêmico, etc. A Psicoterapia Comportamental e Cognitiva redimensiona o grau de ameaça real de uma situação seja ela concreta ou imaginária, dando à pessoa condições de avaliar devidamente os primeiros sinais de ansiedade e lidar com ela devidamente. Aumenta o sentido de eficácia, isto é, a capacidade de resolução de problemas na medida em que apareçam , permitindo que o potencial anteriormente treinado seja colocado em prática da melhor maneira possível, no momento oportuno.
Um estudante que esquece a matéria , mas consegue recuperar-se e tocar em frente sem sustos, um ator que se refaz diante da platéia, um palestrante que se recupera após um lapso, não constituem problema. Porém, não é o que ocorre com a maioria das pessoas que, diante de um lapso, fazem estimativas catastróficas de fracasso que, realimentando a ansiedade, vem a se constituir em profecias que se auto-realizam!
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