Fechar os olhos, viajar com a fantasia e achar-se na Bahia. Esse foi o presente de Daniela Mercury, que estreou em Milão no Festival LatinoAmericando, na noite do 25 de junho.
O show de 2 horas encantou a galera presente, a maioria brasileira. A estrela baiana voltou à Itália depois ter cantado no verão passado no mesmo lugar, e escolheu novamente Milão como etapa da turnê européia, que prevê outros compromissos em Portugal, Suíça, Alemanha e Roma. A intérprete brasileira chegou direito de Dortmund, onde assistiu ao jogo da Seleção de futebol contra o Japão. Ela aproveitou para apresentar na Itália o novo álbum, "Balé Mulato", já conhecido no Brasil.
A rainha do axé atrasou no palco, como todas as celebridades, mas o publico com muita paciência esperou o início, enloquecendo para dançar e agitar-se com os ritmos afro-pop-samba-reggae-frevo da artista de Salvador.
Danças, costumes, luzes e cores projetadas de propósito pelo evento transformaram a vizinha rodovia de Milão num sambódromo perto do oceano, passando de repente do quentíssimo junho milanês cheio de pernilongos à procura de sangue chupável ao mais sonhado fevereiro do carnaval baiano.
A embaixadora da MPB brasileira alternou as músicas mais recentes, passando da sensual Sem querer ao rock de Nem tudo funciona de verdade, à versão rádio de Topo do mundo, com diferenças rítmicas relevantes.
E a volta da capoeira, com Levada Brasileira, verdadeiro símbolo da noite musical que Mercury interpretou fazendo quatro pulos mortais consecutivos no palco. As novas versões de Aquarela do Brasil, Pensar em você e Meu Pai Oxalá, obras de Ary Barroso, Chico César e do duo Toquinho&Vinícius, permitiram voltar docemente ao passado.
Os hits do carnaval Olha o Gandhi aí, Água do Céu, a romântica Só no balanço do Mar, o samba-reggae de Balé Popular, Eu queria, O mais belo dos belos, o sucesso de 96 Nobre Vagabundo e o remake acústico de Eu quero ver o mundo sambar conduziram os presentes até o novo dia, que jogou as cores brasileiras e voltou a ser alvo de insuportáveis pernilongos e calor tropical, sem sequer uma praia onde refugiar-se.
"Para mim, o axé é música brasileira e não da Bahia", comentou a estrela nordestina. "Nesse trabalho, misturei ritmos urbanos como afro-pop, reggae, rock e funky, pesquisando um som mais acústico e tendo como base os meus ritmos de carnaval". "Meu objetivo é afirmar as tradições e raízes da minha terra", pontua a artista. "Na realidade, quem nasce no Rio é brasileiro enquanto quem nasce em Bahia é baiano. O Nordeste olha seu próprio umbigo, suas origens, em vez dos cariocas e paulistanos que tem uma grande referência para fora e saem mais internacionais". Para Mercury, a música é tudo: "Pelos baianos não há alternativas. Nós aprendemos tocar espontaneamente na rua, sem escolas, como os meus percussionistas. A Bahia é antropofágica, tem 4 milhões de habitantes e é uma mescla de todos os ritmos, como samba, reggae e até o merengue de Cuba e Porto Rico".
O final é para Gilberto Gil: "Ele é o símbolo da cultura brasileira, é um luxo para o nosso país ter ele como ministro, pela divulgação dos nossos valores no mundo".
E, com certeza, ela também faz a sua parte.
Sites: www.danielamercury.art.br www.latinoamericando.it
Fonte: Texto do jornalista Andrea Celentano (Milão) revisado pelo Assunto de Modelo
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