Todo mundo se levante, pois chegou o Ministro. Não, não se trata de uma sessão parlamentar ou de uma reunião política. É Gilberto Gil, "monumento" musical do Brasil e ministro da Cultura do governo Lula desde 2003. O cantor mais popular baiano exibiu-se no Festival Latinoamericando de Milão na noite de 21 julho, onde exportou a sua música alegre feita de bossa nova, samba, reggae, ritmos do Caribe e do nordeste (xote, xaxado, afoxé e baião).
O artista, parceiro de músicos como Caetano Veloso, Elis Regina, Gal Costa e a italiana Laura Pausini, parou em Milão pela quarta vez em cinco anos, após o inesquecivel show do 30 junho de 2002, quando comemorou com milhões de brasileiros o quinto titulo mundial de futebol da seleção, a visita com Maria Bethania em 2003 e o retorno no Teatro Dal Verme em 2005.
Sob os olhos de Dida, que assistiu nos bastidores, e das modelos brasileiras Analu Campos e Natália Borges, Gil tocou os seus maiores sucessos, nessa etapa italiana que seguiu algumas previstas em junho na Alemanha (bem pertinho dos seus amigos Ronaldo& Co. que admirou em Brasil- Ghana), e que levou o intérprete nordestino pela Europa inteira (Amsterdam, Londres, Bruxelas; Roma, Paris, Istambul, Festival Jazz de Montreux, Corsiga), continuando para Carcassonne, Madri, Estoril, Langon (França), Alicante e Bologna, até 30 de julho.
O ex-líder do movimento tropicalista, com 64 anos feitos recentemente, entrou em cena atrasado em 40 minutos, mas homenageou os presentes com duas horas de puro divertimento.
Camisa e calças brancas, tênis bege, cabelos juntados em dreadlocks bem visíveis, o vencedor de cinco discos de platina e onze de ouro com cinco milhões de discos vendidos e 50 álbums publicados nos seus 40 anos de carreira, que lhe permitem recusar o encontro com a imprensa como (não) ocorreu nessa ocasião, o ministro apresentou-se com toda a sua banda (que viaja com ele num mega-ônibus preto na Europa toda): Sérgio Chiavazzoli e Bem Gil (guitarra), Cláudio Andrade (piano), Arthur Maia (baixo), Gustavo Di Daiva (percussões) e Jorge Gomes (bateria).
O ícone da MPB brasileira extrapolou do seu imenso repertório os sucessos dos seus últimos dois álbums, Kaya N' Gan Daya de 2002 (homenagem a Bob Marley) e Eletracústico de 2004 (um "best of" ao vivo).
As danças comecaram com Oxalá, Refavela, Andar com fé, A Rita (obra de Chico Buarque). Em seguida, celebração de Bob Marley com Could you be loved , Is this love, Three little birds e a histórica Não chore mais (No woman no cry), cartao postal de Londres com Imagine e I wanna hold your hand dos Beatles, volta ao Brasil com Aquele abraço, música tocada no último show de '68 antes do exílio em Londres, Eu vim da Bahia, Palco, Toda menina baiana.
A interpretação francesa de La lune de Gorèe, manifesto contra o racismo, Amor até o fim, Expresso 222, Barato total, hits inesquecidas dos anos 70, o reggae de Vamos fugir, reinterpretado em chave-rock do Skank no 2004 após a saída no álbum Raça Humana em 1984, e Nos barracos da cidade fecharam a festa. Ou melhor, ninguém acreditou nisso: era só esperar para ouvir no ar "Bis, bis!" e Gil, como já previsto, voltou ao palco para concluir o show com a irresistivel Céu da boca, música de Carnaval escrita junto a Ivete Sangalo e mais conhecida como Chupa toda, um refrão com as palavras "Lisboa", "Ilha" e "Bahia", e por fim o delicioso forró de Esperando na janela, concentrado de energia pura.
Deu meia-noite e o ex-líder dos Desafinados e Doces Bárbaros, como Cinderela, despediu-se de repente, dessa vez definitivamente.
A fábula de Gilberto Gil enriqueceu-se de um novo e entusiasmante capítulo.
Sites: www.gilbertogil.com.br www.latinoamericando.it
Fonte: Texto do jornalista Andrea Celentano (Milão) revisado pelo Assunto de Modelo
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