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Data: 06/10/2003
Título: Acne: o que há de novo nos tratamentos médicos.
A acne vulgar é uma doença multifatorial que afeta os folículos pilo-sebáceos. Ela se desenvolve a partir da interação de quatro fatores patogênicos: produção de sebo, hiperqueratinização folicular, colonização microbiana da unidade pilosebácia pelo "propionibacterium acnes" e a liberação de mediadores inflamatórios no folículo.
A acne inicia-se no período pré-puberal, quando ocorre aumento da quantidade de andrógenos adrenais, causando aumento das glândulas sebáceas e incremento da produção de sebo na face, tórax e dorso. Nos folículos afetados ocorre um aumento de descamação dos corneócitos devido ao padrão adrenal de queratinização alterado. A obstrução folicular, resultante da combinação de sebo e células epiteliais descamadas, causa a formação do microcomedão (lesão precursora da acne) e posteriormente formação de comedões abertos não inflamatórios (comedões pretos), comedões fechados (comedões brancos), pápulas inflamatórias, pústulas e nódulos.
A acne não é uma doença que compromete a vida, mas leva a repercussões físicas (cicatrizes) e psicológicas (baixa auto-estima, inibição social, depressão e ansiedade).
O objetivo principal do tratamento da acne é evitar as conseqüências dos efeitos fisícos e psicólogicos, agindo na prevenção das cicatrizes e no alívio dos sintomas clínicos.
No início do tratamento, para que o controle da acne seja bem sucedido, é necessário uma avaliação cuidadosa do paciente. Observar o padrão do quadro de acne, como se há predomínio ou não de lesões inflamatórias, presença de cicatrizes, tipo de pele, presença de distúrbios psicológicos, motivação do paciente, estilo de vida, regularidade menstrual , evidência de hisurtismo e uso de medicamentos que levem à erupção acneiforme.
Hoje, a acne não afeta somente adolescentes. Cada vez mais se observa o aumento do número de pacientes mais velhos (particularmente mulheres). Estes pacientes geralmente apresentam expectativas elevadas de melhora, baixa tolerância a efeitos adversos da terapia e maior preocupação com a formação de cicatrizes e hiperpigmentação pós-inflamatória.
Há várias opções para o tratamento da acne. Os agentes antiacne incluem substâncias antimicrobianas e comedolíticos. Dentre os agentes comedolíticos destacam-se o ácido retinóico, adapaleno e o tazaroteno, que são eficazes e agem normalizando a queratinização folicular e proporcionando drenagem dos comedões pré-existentes e inibindo a formação de novos comedões. Os agentes bactericidas são compostos pelos antibióticos tópicos que agem diminuindo a população de "propionibacterium acnes" nos folículos sebáceos e também apresentam propriedades antiinflamatórias. Os mais usados são: eritromicina, clindamicina e sulfacetamida sódica.
O tratamento sistêmico pode ser necessário em pacientes com formas moderadas a severas de acne. Pode-se usar antibióticos com propriedades antiinflamatórias como as tetraciclinas (oxitetraciclina, cloridratro de tetraciclina, doxiciclina, minociclina e limeciclina) e antibióticos macrolídeos (eritromicina e azitromicina). Os antibióticos sistêmicos devem ser usados por um período de 08 a 12 semanas. Outra opção é o tratamento com isotretinoína oral, usando doses mais baixas, por um período de tempo maior, para minimizar os efeitos colaterais da medicação.
A terapia hormonal pode ser necessária em pacientes do sexo feminino com resistência a tratamentos convencionais e que começaram a apresentar acne na idade adulta. Os compostos com propriedades antiantrogênicas incluem estrógenos combinados com progestágenos como etinilestradiol, com acetato de ciproterona e outros bloqueadores de andrógenos ao nível dos receptores androgênicos (flutamida) ou inibidores de atividades androgênicas em vários níveis como espirinolactona.
No consultório deve-se realizar intervenções para otimizar o tratamento como: peeling de cristal, peeling com ácido salicílico a 30%, peeling seriado com ácido retinóico e tratamento de cicatrizes de acne como: cauterizações, aplicação de altas concentrações de ácido tricloroacético (ATA) nas cicatrizes deprimidas, preenchimentos com ácido hialurônico, uso de luz intensa pulsada e do clear light.
O arsenal terapêutico disponível visa melhorar a qualidade de vida dos paciente e satisfazer suas expectativas quanto ao tratamento.
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