Anorexia nervosa mata a modelo Ana Carolina Reston 20/11/2006 |
O debate em torno do padrão de beleza magro é levantado novamente a cada vida que se perde em função dessa busca. A modelo Ana Carolina Reston morreu na 3a-feira passada em conseqüência da anorexia, distúrbio psiquiátrico que leva a pessoa a deixar de comer.
Foram 21 dias na UTI até que o quadro se agravou e a garota que buscava sucesso profissional teve falência múltipla dos órgãos.
Carol, como era conhecida pelos mais íntimos, começou a carreira aos 13 anos, quando foi descoberta por um caça-talentos num concurso em Jundiaí. A partir daí, tornou-se uma profissional com um currículo considerável, tendo viajado para a China, México e Japão, e realizado trabalhos considerados importantes para a sua profissão. Entre as grifes para as quais trabalhou estão Fendi, Dior e Armani.
Agenciada pela L`Équipe, da empresária Lica Kohlrausch, Carol havia passado por outras duas agências. Foi Lica quem deu a ela a oportunidade de ir em 2005 pro Japão, um país que contrata modelos mais magras. Segundo sua empresária, não se sabia nessa época que Carolina estava com anorexia. Mas foi em Osaka que Carol desmaiou quando fazia o primeiro trabalho, tendo que ser encaminhada para um hospital.
Ao voltar para o Brasil, no final de 2005, sua agente tentou agendar duas consultas com o psicólogo da agência, mas a modelo não compareceu. No Brasil, a L´Équipe e a Elite estão entre as agências que mais se preocupam em manter o modelo saudável física e psicologicamente. O psicólogo Marco de Tommaso é consultor das duas empresas e seus modelos podem agendar consultas gratuitamente com o renomado profissional. O fato é que a anoréxica em geral recusa tratamento.
Carol Reston sofreu com a pressão do mercado de trabalho, que tem a magreza como passaporte para o sucesso, e ainda com a pressão de ter que ajudar sua família financeiramente desde os 18 anos.
Com uma magreza exagerada, a modelo de 21 anos já estava deixando de ser requisitada para trabalhos. Do final do ano passado até esse mês, faturou menos de R$1000,00 em 3 trabalhos realizados. Seu peso chegou a 40 quilos, o que é muito pouco saudável para quem possuía 1,72m de altura. O número da calça era 34.
Margareth Libardi, autora do livro Profissão Modelo - em busca da fama (Editora SENAC SP), abre um capítulo em seu livro intitulado Pesadelo de Modelo. Com a consultoria do psicólogo Marco de Tommaso, que também é consultor da agência da modelo, Margareth aborda os perigos da profissão e mostra como evitá-los. "Com informação, as pessoas podem evitar problemas graves. O problema é que muita gente acha que para ser modelo não é preciso ler, informar-se.", diz a autora do livro. Ela diz mais: "A família também deve se cercar de informação. Um caso como esse pode ser evitado ou pelo menos amenizado se a família tiver total consciência da gravidade da anorexia." Miriam Reston, mãe da modelo, declarou à imprensa que não sabia que anorexia poderia matar.
Enquanto se discute a imposição do padrão de beleza esquálido por parte de estilistas, fotógrafos e outros profissionais deste mercado, é importante que cada um cuide de si mesmo, saiba como se proteger. "As modelos devem se informar, fazer dietas apenas acompanhadas por médicos e nutricionistas, e ter em mente que não vale sacrificar a vida pelo sonho de brilhar nas passarelas. Há muitas outras maneiras de brilhar", conclui a especialista no mercado de modelos Margareth Libardi.
Fonte: Redação AM
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