A vida imita a arte? O "comendador" de Santos conheça a história de Souza Snooker
Superação - Como sair de uma triste realidade de pobreza e humilhação e se tornar um dos executivos mais respeitados no mercado imobiliário.
São Paulo, bairro do Imirim, década de 70. No seio de uma família pobre, humilde e discriminada nascia João Souza. Com uma infância muito difícil João teve que trabalhar muito cedo, com 10 anos de idade já ajudava a família. A situação sempre foi complicada e até a adolescência João não tinha grandes perspectivas na vida. Quando completou 18 anos, João foi servir o segundo batalhão de polícia do exército em São Paulo. "Passei a ser mais confiante e a me alimentar melhor, aprendi a conviver em sociedade e porque antes era muito discriminado pela pobreza". Saindo do exército João Souza, foi trabalhar como garçom no Hotel Hilton, na famosa e tradicional Av. Ipiranga, região central de São Paulo. Na época para trabalhar como garçom era muito difícil, exigiam grandes experiências porque era um dos hotéis mais requisitados da região, a veia artística começou a fazer parte da vida de Souza desde então. "Eu encenei e acreditei que era um bom garçom, fiz o teste e passei". A vaga foi oferecida para Souza que rapidamente aprendeu e garantiu e sempre realizou um ótimo trabalho no hotel. Com o dinheiro que ganhava no hotel, Souza comprou uma moto CB 400, permaneceu com ela até um amigo aparecer com uma perua "Kombi", velha mal conseguia andar e disse que ele poderia ganhar uns trocados a mais nos dias de folga, fazendo carretos. Souza aceitou a troca e pegou a Kombi. Em pouco tempo não dava conta dos inúmeros carretos que apareciam, era todo dia uma grande procura, Souza atribui o sucesso dos carretos a sua simpatia e maneira simples de abordar as pessoas. O amigo (não tão amigo) tentou destrocar o negocio, vendo o sucesso de Souza, mas ele não desfez. Fazendo os carretos, Souza conheceu um rapaz proprietário de uma loja que constrói churrasqueiras, fornos, lareiras de alvenaria e começou a fazer carretos para ele, na verdade a empresa dele estava falindo, o nome dele Pedro por sinal muito gente boa. Na empresa conheceu o Jose Antonio, que se tornou um dos melhores amigos de Souza. Com a empresa em declínio e precisando de uma injeção financeira, Jose Antonio que propôs a Souza a comprar 50% da empresa. Souza sem dinheiro em caixa para investir, disse que não tinha a grana para oferecer, mas que tinha uma contraproposta para o comprador. Ofereceu a Kombi e pediu no Hilton para fazer um acordo demissional, como estava com destaque no serviço o Hotel recusou a demissão de Souza. Mas a saída era certa, então a arte da dramaturgia falou mais alto, Souza de tanto malhar na época do exercito deslocou um osso das costas apresentou o problema à equipe do Hotel e pediu o acordo. O Hotel nestas condições aceitou o pedido. Souza pegou a Kombi, mais a recisão e ainda parcelou o restante da divida porque imaginou que com o próprio dinheiro oriundo da empresa, conseguiria pagar as prestações. Sem conhecimento técnico, Souza saia às ruas para fazer orçamentos, trabalhou muito e a empresa começou a apresentar saldos positivos e a prosperar. Quando tinha que falar tecnicamente com as empresas ou clientes o amigo Jose Antonio era acionado, explicava os procedimentos para os clientes e fechara assim os pedidos. Foram muitos casos parecidos e os lucros surgiram. Por ignorância ele não fez o contrato de compra da empresa. Pedro ao ficar feliz com a prosperidade da empresa, revoltou-se contra Souza, disse que não tinha mais interesse em vender a parte dele na empresa, que não tinha nada a ver com a esposa dele e que a parte dele não estava à venda e que se ele quisesse poderia vender os outros 50%. Pedro vendeu os outros 50% para Raimundo e com o passar do tempo Souza comprou a parte de Raimundo na empresa. Batalhei muito e depois de alguns anos o proprietário pediu o imóvel que era locado e Souza entregou. Mudou-se para a Praia Grande (litoral sul paulista), não conhecia nada na região, mas pensava que praia tinha tudo a ver com churrasco, forno de fogão a lenha, etc. Comprou um terreno comercial e montou ali um deposito de construção, não entendia nada de acabamentos, hidráulica e muito menos de elétrica. Contratou um rapaz de nome Rogerio, bombeiro na região que entendia do assunto, Rogerio começou a ensinar Souza e em pouco tempo o protagonista desta historia já dominava o assunto. Com toda a sua simplicidade, Souza começou a comprar terrenos na região, melhorava a aparência do local e vendia com um preço mais alto. Foi um terreno pequeno, depois um terreno maior, outro e outro, Souza foi guardando e juntando dinheiro e começou a comprar áreas maiores e negociar estas áreas por apartamentos. Começou a comprar apartamentos na planta, em construção, casas e imóveis comerciais e alugar. Hoje Souza chega a comercializar (comprar) sete apartamentos em um único empreendimento, pagar a vista e vender depois de pronto. Um empresário do ramo imobiliário, bem sucedido e que vive de renda. "Pra quem não imaginava comprar nem um barraco, tenho vários imóveis e vivo com muita alegria, agradecendo a Deus pela oportunidade que me deu de batalhar e vencer na vida". Hoje Souza dedica-se a sua paixão, a dramaturgia. Foca-se nos cursos de ensino, workshops e treinamentos com os melhores profissionais do país. Continua comprando e revendendo imóveis quando boas negociações aparecem. DRAMA FAMILIAR Souza não possui nenhuma foto de criança e nem registro da com a família, foi tirar foto somente na fase adulta e confessa: "Nunca ganhei um beijo do meu pai e da minha mãe, não sei o que é carinho de família". Os pais de Souza são falecidos, mas quando questionado sobre isso ele responde: "Sempre amei os meus pais e entendo que era a forma deles me amarem." Nunca brincou na infância por causa da discriminação, só foi conhecer o que era futebol e jogar um pouco de bola com 30 anos de idade, a sensação era a da mais completa felicidade. "Fico imaginando quantas coisas boas eu perdi na minha infância, mas vivo a minha vida tirando esse atraso, sempre brinco igual criança é carinhoso com o próximo, porque não tive carinho da minha família, sou humano, trato a todos de forma igual independente da classe social ou opção sexual, adoro o ser humano, adoro pessoas". "O principal do sucesso é você acreditar muito em você, a autoconfiança é fundamental, teria todos os motivos para ser um derrotado na vida, mas sou um vencedor. Que a minha historia sirva de lição para muitas pessoas que hoje são discriminadas e marginalizadas pela sociedade". "Diferente de muitas pessoas eu aprendi a comemorar a vitoria do próximo e suas conquistas, fico feliz quando um amigo se da bem na vida, sem inveja, sem maldade. Porque eu conquistei e busquei a minha felicidade". Um resumo das profissões de Souza, em sua trajetória: Catador de esterco nas ruas, catador de latinhas, vendedor de cocadas e sorvetes, balconista em lanchonete, soldado da policia do exercito, instrutor de moto, vendedor de livros, garçom, fazia carretos, dono de loja de churrasqueiras, dono de loja de material de construção, investidor em imóveis, ator. Não tem vergonha de nenhuma delas, todas acrescentaram muito para ser a pessoa que hoje ele se considera, um ser humano vencedor.
Fonte: Redação AM
|
|
|
|