Tocam os tambores, chega o Carnaval. Esse é o mundo do Olodum. A histórica banda da Bahia, onde surgiu em 1979 cujo nome descende do "Deus de todos os deuses" Oludumaré, tocou pelo segundo ano consecutivo no "Festival Latinoamericando" de Milão em 1o de julho.
Não foi fácil entreter e divertir o povo brasileiro, decepcionado e deprimido por causa da terrível eliminação da Seleção na Copa do Mundo contra a França, ocorrida poucos momentos antes do começo do show, mas o grupo baiano conseguiu.
Os brasileiros são assim: eles podem abater-se num instante, mas já esquecem e começam bater os pés no chão, entregam-se ao som ouvido no ar e agitam-se, dançam, divertem-se, e a alegria vira a dona da tristeza.
São os dois lados da mesma medalha desse país que coloca todo ele mesmo em cada ocasião, com o risco às vezes de sofrer e ser superficial, mas acima de tudo com a vantagem de aproveitar, em todos casos, do melhor que temos na vida: as sensações.
Este, sinteticamente, foi o ensinamento recebido no show de Olodum, embaixadores do samba-reggae do nordeste do Brasil que, em poucos segundos, transformaram Milão num trio elétrico de Carnaval.
Os vinte artistas da banda, "ministros" da cultura musical brasileira e defensores do combate a discriminação racial para assegurar os direitos civis e humanos das pessoas marginalizadas na Bahia e no Brasil, já esquentaram a arena do Fórum, deletaram a tristeza do futebol e às 23h começaram a tocar os ritmos afro-samba-reggae dos melhores hits do último álbum de 2003 "Pela vida".
Os baianos encheram o ar milanês com as músicas Faraó, Protesto Olodum, Rosa, Requebra, para continuar com os tambores e percussões de Alegria geral, Olodum pra balançar, Rivolta Olodum.
Mas Olodum significa dança e recitação também: então Tonho Materia, Lucas Germano e Valdinei, os três cantores da organização, viraram acrobatas e jogaram capoeira para continuar com as músicas Voltei pra você, Venha me amar, Acima do sol, Natureza viva, e a mais emocionante: o Hino Nacional.
Após uma hora de show, as cinco cores panafricanas da banda (verde, vermelho, amarelo, preto, branco, a representar florestas, sangue, ouro, orgulho e paz) desapareceram devagar, deixando na obscuridade da noite as atmosferas ainda perfumadas do samba-reggae afrolatino que até pouco antes foram o remédio para milhões de corações verde-amarelos mandados calar por uma bola francesa.
Sites: http://olodum.uol.com.br www.latinoamericando.it
Fonte: Texto do jornalista Andrea Celentano (Milão) revisado pelo Assunto de Modelo
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