Villa Lobos dizia que sua obra era farta, em grande quantidade, porque fruto de uma terra imensa, ardente e generosa.
Em sua primeira década de existência, o São Paulo Fashion Week se firmou como uma das mais eficientes plataformas de comunicação do País e um dos maiores eventos do gênero no mundo.
Pioneiro por essência, historicamente engajado a causas de responsabilidade social, o SPFW mantém seus pés no presente olhando sempre para o futuro e inicia novo ciclo de transformação.
Nos próximos dez anos, cumprindo seu papel de formador de opinião e difusor de novas idéias, a palavra de ordem será sustentabilidade. A próxima década deve consolidar o espaço conquistado a partir da adoção de um selo de qualidade e identidade que incorpore definitivamente a diversidade sócioambiental como marca registrada do país.
"Encarar de frente os problemas do planeta não é moda e, sim, necessidade. Principalmente quando se vive num país com tamanha diversidade sócioambiental no DNA como o nosso," afirma Paulo Borges, diretor artístico do SPFW.
A partir da edição Inverno 2007, que acontece entre os dias 24 e 29 de janeiro, o SPFW adota a sustentabilidade econômica, social e ambiental como postura, verdade, inspiração. Convoca todos a repensar sua posição diante do planeta e a adotar uma estratégia de desenvolvimento que não exija a extinção dos recursos naturais.
O SPFW nasceu a partir de princípios de sustentabilidade: a idéia de convergência de vários segmentos a partir da construção de uma cultura de moda em que todos ganham. Cientes de que a transformação não se faz apenas com conceitos mas através do desejo, o SPFW inicia um movimento traduzido na cenografia, comunicação, parcerias para geração de conteúdo e projetos especiais, ações e atitudes que materializam o desenvolvimento sustentável.
Para permear este momento, o SPFW elegeu uma das melhores e mais ricas representantes da biodiversidade brasileira, as matas e florestas, representadas tanto na cenografia idealizada por Daniela Thomas e Felipe Tassara, que juntos assinam a cenografia do evento, como nas ações e parcerias desenvolvidas.
Dando continuidade ao processo de repensar o evento que se iniciou há três anos e não pára de ganhar força, uma série de estruturas modulares são reutilizadas a cada edição para a montagem das salas de desfiles e lounges, com preferência por materiais cenográficos sustentáveis.
Adotado como elemento cenográfico a partir de 2006, o papelão colabora na melhoria da gestão ambiental, sendo reciclado a cada edição e a renda revertida para projetos de responsabilidade social.
Uma grande instalação com toras de eucalipto certificado remeterá à riqueza de nossas florestas e receberá um redário. Lá, o público poderá se transportar para este universo mágico e relaxar em redes provenientes de diversas comunidades sustentáveis do país, apresentando nossa rica diversidade cultural artesanal, materializando a importância do selo de origem e dos conceitos de rede, relações e interdependência.
Em substituição às tradicionais fontes de energia, o SPFW passa a utilizar geradores movidos a biodiesel, combustível produzido a partir de fontes renováveis. O consumo do biodiesel, além de contribuir para a redução da poluição atmosférica, gera alternativas de empregos em áreas geográficas menos propícias para outras atividades econômicas e, desta forma, promove a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida da população.
O momento também é de carbon free, movimento que começa a tomar forma e ganhar importância no mundo todo. A idéia é incentivar o reflorestamento de espécies nativas da Mata Atlântica para compensar a emissão de gás carbônico, o grande vilão do efeito estufa e do aquecimento global.
Em parceria com a ONG The Green Initiative, esta edição do SPFW será neutra em carbono e terá cinco estações com computadores onde se poderá medir o impacto de atividades cotidianas e saber o número de árvores que devem ser plantadas para neutralizar o impacto individual ou de empresas.
Um grande painel na entrada do evento demonstrará durante os seis dias do SPFW, quantas árvores por minuto serão plantadas, devido às iniciativas de neutralização adotadas pelo evento, o jornal do SPFW, o site oficial do evento, a revista ffwMag! e a Luminosidade, empresa que criou e organiza o SPFW. Estes resultados serão divulgados também diariamente no site www.saopaulofashionwek e no SPFW Journal.
Este é apenas o início. A idéia é conscientizar as pessoas para que aos poucos mudem hábitos e práticas, posturas e comportamentos.
"Nosso desafio como centro de criatividade, desejo e aspiração é promover esta transformação, propor ações e atitudes que materializem o desenvolvimento sustentável no nosso dia-a-dia."
Em parceria com o Instituto e-brigade, que, entre outras ações, investe na pesquisa de e-fabrics - tecidos que não agridem o meio ambiente e são produzidos de forma socialmente correta - haverá uma grande exposição de roupas desenhadas por estilistas que desfilam no SPFW. Todas as criações foram desenvolvidas com materiais como o couro vegetal, algodão orgânico, garrafa PET reciclada, a partir de pesquisa feita pelo e-brigade junto a comunidades produtoras, em diversas regiões do país.
O evento será palco também do lançamento da campanha realizada pelo ISA _ Instituto Socioambiental. Estrelada por Gisele Bundchen, tem por objetivo frear o desmatamento, conscientizando e engajando a sociedade na preservação das matas na cabeceira do Rio Xingu.
Deixando sempre a criatividade brasileira em evidência, o evento apostará tudo na moda consciente, que deve ser economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta - os três pilares clássicos da sustentabilidade. Vai ainda incentivar estilistas, grifes e parceiros a buscar ininterruptamente novas estratégias que tenham como prioridade a criação de produtos sustentáveis. Isso em toda a cadeia de produção: desde a escolha de matérias-primas ecologicamente corretos, passando pela qualificação da mão-de-obra até a distribuição do resultado final nas lojas.
Daqui para frente, a sustentabilidade será peça-chave no calendário da moda brasileira, provando que consumo e consciência podem caminhar juntos.
Fonte: Redação
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