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Colunistas  Marco Antonio de Tommaso

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Beleza & saúde

Detalhes sobre o colunista

Data: 10/01/2003

Título: Perguntas sobre auto-imagem I

1. O que é auto-imagem?

É a visão que temos de nós mesmos, o "retrato mental" que temos de nós mesmos baseado em experiências passadas, vivências e estímulos presentes e expectativas futuras. Inclui a forma, o tamanho, as proporções do nosso corpo, nossos sentimentos em relação a ele e suas partes, segundo nossa avaliação.

2. Do que depende esta avaliação?

De nossas experiências passadas, histórico de vida, dos estímulos positivos e negativos que recebemos, dos padrões com os quais fomos confrontados, dos valores culturais vigentes, incluindo os estéticos, de NOSSAS EMOÇÔES E SENTIMENTOS. A formatação da auto-imagem integra informações visuais, percepção e interpretação de estímulos diversos, confronto com modelos ou padrões, mesclados com nossa experiência pessoal sobre nosso corpo.

3. Qual a importância de uma auto-imagem inadequada?

Diversos autores, entre os quais Adler, discípulo de Freud, apontam o corpo como a maior fonte de sentimentos de inferioridade na criança, que se vê rodeada de pessoas maiores e mais fortes que ela. As primeiras observações e experiências seriam fundamentais para o relacionamento com o próprio corpo no futuro. Muitas mulheres e homens atraentes nunca se libertaram de uma sensação de "feiúra" que os faz agir como se fossem efetivamente feios e rejeitados. A auto-imagem indevidamente formada os faz atuar da forma pela qual se avaliam. Esta auto-avaliação errônea produz comportamentos distorcidos. Essas pessoas experimentam uma sensação de repugnância, feiúra corporal e inadequação. Mais importante do que ser ou estar, é preciso SENTIR-SE bonita e este é um dos tópicos mais trabalhados por mim, com modelos.

4. Como a cultura, a mídia e a moda interferem na formação da auto- imagem?

Desde a boneca Barbie, presente na vida de 9 em cada 10 meninas e que, projetada em escala, é inviável biologicamente falando, até as revistas de moda, desfiles, publicidade, novelas, cinema, fotografias, etc., há uma supervalorização da magreza e do que a magreza pode fazer pela mulher, o que a torna cada vez mais longilínea. Todas as misses de 1970 para cá têm IMC (Índice de Massa Corporal) abaixo de 18. A Miss Suécia de 1951 tinha 1,71m de estatura, pesava 68,5 kg, correspondendo a um IMC de 23,4 que, embora normal, seria lamentado por qualquer mulher, estilista, publicitário, produtor de novela, fotógrafo, professor de educação física do nosso tempo, que a conclamariam a emagrecer. Já a Miss Suécia de 1980 tinha 1,75 m, pesava 49 kg e 16,05 de IMC! Minha querida Gisele Bündchen tem 1,79 m pesa 53 kg e IMC de 16,5. Mas aí está a questão: Gisele é naturalmente assim! Sua estrutura é assim! Geneticamente, ela foi "feita" desta forma! Ela é uma exceção e não regra geral! Assim como o campeão mundial dos 100m: trata-se de uma exceção! O absurdo é transformá-los em "padrão".

A imensa maioria das heroínas da TV é excepcionalmente magra. Apenas 5% estão acima do peso e em papéis jocosos ou caricatos. Assistimos de 400 a 600 comerciais, anúncios, ou propagandas/dia, todos com imagens femininas idealizadas, exageradamente magras, se tomadas como "padrão".

Modelos exercem enorme influência sobre as adolescentes de forma geral e sobre a maneira como se sentem em relação ao próprio corpo. Vários estudos têm sido feitos a respeito de como se sentem as adolescentes em relação ao próprio corpo, comparando-se com modelos, o que as influencia a um emagrecimento antinatural e excessivo. Meninas que lêem freqüentemente revistas de moda têm de duas a três vezes mais chances de apelar para dietas restritivas a fim de perderem peso, mesmo aquelas que estão dentro de peso normal para a idade e a estrutura.
Desta forma, um padrão idealizado (e se é idealizado não é "normal" e, portanto, não é "padrão") é passado em estímulos explícitos, encobertos e subliminares para as pessoas, especialmente para a mulher, que passa a associar, como uma lei, sucesso pessoal, social, profissional, afetivo, enfim, a aceitação de modo geral, com imagens inviáveis de magreza, esquecendo-se do próprio biótipo e à própria estrutura física.


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